Campanha de conscientização Outubro Rosa, com o Prof.Dr. José David Kandelman.

Transcrição do vídeo:

[00:00:00]  Em 2020, final de 2020 mais ou menos, a OMS, a Organização Mundial da Saúde, soltou, ela solta todo ano, a cada dois anos, não exatamente todo ano, ela solta meio que um mapa do câncer no mundo. Nos últimos muitos anos, a primeira colocada era o pulmão, e por vários motivos, principalmente porque no passado as pessoas fumavam mais, e hoje em dia ainda fumam, esses cigarros eletrônicos que são piores do que o cigarro comum. A poluição das cidades aumentou uma barbaridade, as pessoas vivem mais e tal. Mas, em 2020, ultrapassou por uma cabeça, mas ultrapassou, tá certo?

[00:00:56] O câncer de mama, que era o primeiro câncer da mulher e o segundo da população como um todo, ele ultrapassou o pulmão e ele hoje é o primeiro câncer da população como um todo. O câncer de mama hoje é o primeiro câncer da população mundial, homens e mulheres incluídos, tá certo? E é o câncer que mais mata também, não porque ele seja o mais agressivo, ele não é o mais agressivo. Ele é o que mais mata pelo número de casos, será o mais incidente, ele é o que mais mata.

[00:01:40] Mas, em termos de agressividade, o câncer de mama está lá pro sétimo lugar, tá certo? Me lembro exatamente se sexto ou sétimo, mas é por aí, eu acho que sexto ou sétimo lugar. Então, ele não é o câncer mais agressivo. O câncer de mama é extremamente importante a gente frisar isso e as campanhas nacionais e mundiais, todo ano, outubro roda, dia da mulher e tal, elas batem nessa tecla muito, porque o câncer de mama é uma doença de fácil tratamento, tá certo?

[00:02:18] É um câncer externo, não é uma coisa que fica dentro de uma cavidade, não é dentro do tórax, não é dentro do abdômen, não é dentro do cérebro, do crânio. Ele é um órgão externo, é praticamente um órgão de pele, tá certo? Fácil de fazer o diagnóstico, fácil de fazer o tratamento. Pra que a paciente consiga se beneficiar de tudo isso, o que ela precisa fazer?

[00:02:50]  Fazer os exames e ir no médico, tão logo ela sinta qualquer coisa, tá certo? Não pode ficar em casa olhando pro nada e não fazer, a paciente tem que fazer a sua parte, tá certo? Não adianta comer saudável se você não presta atenção no seu corpo, se você não faz os exames e tal. Na pandemia, muita gente deixou de fazer exame, tá certo?

[00:03:21]  Nós estamos agora recolhendo os estragos da pandemia com um aumento gigante de número de casos de câncer de mama e pacientes que não fizeram diagnóstico durante a pandemia, foram deixando, deixando, deixando. Aí você vai me perguntar, quais são os principais, o que principalmente a mulher tem que fazer? Se palpar, se palpar é bom? Se palpar é bom, tá certo?

[00:03:47]  Mas se palpar, você parte do princípio que tem que ter uma coisa palpável, então pelo menos uma paciente leiga, ela vai conseguir palpar alguma coisa ao redor de dois centímetros. Ela não consegue palpar uma lesão menor do que um centímetro, seria aquele tumor bem inicial. Então, o câncer de mama é uma doença que ela depende de diagnóstico precoce, mamografia, ultrassom, precocemente. Você vai me falar, mamografia, ressonância?

[00:04:21]  Não, ressonância. Se é um exame tão moderno, não. Temos que, a gente tem que separar rastreamento e estadiamento. Rastreamento é aquele exame que você faz rotineiramente todo ano.

[00:04:37]  Custo -benefício menor é a mamografia e o ultrassom. Mamografia e ultrassom juntas, diagnóstico, 95 % dos tumores de mama. 95%. Sabe?

[00:04:50]  Se você colocar a ressonância junto, dá 98%. Mas a ressonância já é um exame mais complicado, porque é um exame que tem contraste, não é assim que você… não é fazer uma mamografia e ultrassom que você faz em 15 minutos, entendeu? É um exame mais complicado e é reservado para determinadas situações.

[00:05:14]  Em 2 % dos casos, o tumor não é grande o suficiente para ser detectado. Em nenhum dos três métodos, em geral, o nível de detecção começa em 0 ,4, 0 ,5 centímetros. 0 ,4, 0 ,5 milímetros. Ou então o tumor é pouco fotogênico.

[00:05:37]  Existe isso também. Tem determinados tumores que a imagem não pega bem, entendeu? Aí você tem que… Às vezes os tumores são basicamente diagnosticados na palpação.

[00:05:53]  Esse é o problema da mulher jovem. A mulher jovem, ela tem mama jovem. Ela não vai no médico fazer o exame. Uma mulher de 30 anos de idade, ela não vai fazer a primeira mamografia dela.

[00:06:06]  Ela está fora do protocolo de fazer a primeira mamografia. Essa mulher, se ela tem um câncer de mama, ela acaba diagnosticando na palpação. E ela já está palpando um tumor grande. Acaba virando mais agressiva e tal.

[00:06:21]  Infelizmente, essa é a realidade. Aí vamos nos perguntar por que o câncer de mama aumentou exponencialmente nesses últimos anos. Muito provavelmente por fatores ambientais, certo? A mulher moderna e o homem moderno, câncer de mama, dá em homem também.

[00:06:42] Para cada 100 mulheres com câncer de mama, um homem. Certo? E o câncer de mama dá em homem também. Então por que os fatores ambientais influenciaram?

[00:06:55] Porque hoje nós estamos vivendo o domínio do corpo perfeito. Certo? Então as pessoas se enchem de suplementos, se enchem de hormônios. A gente sabe que isso é verdade para ficar com aquela musculatura perfeita, espetacular, maravilhosa.

[00:07:15] Injeta testosterona, injeta estrógeno, injeta o caricopata lá. Para ficar bonito e para ficar sarado. Os homens incluídos. Certo?

[00:07:28]  E isso com certeza aumentou a incidência do câncer de mama. Se não é o fator principal, é um dos principais fatores. O culto, a beleza, é um dos fatores que na minha opinião, pelo menos pessoal, é responsável pelo aumento da incidência do câncer de mama. Fora o fato de que as pessoas vivem mais.

[00:07:56]  Então as pessoas vivem ainda mais casos de câncer de mama. Certo? Agora, está havendo também uma diminuição na idade de aparecimento do câncer de mama. Tem muito mais mulher jovem hoje tendo câncer do que antigamente.

[00:08:15]  E com certeza os fatores ambientais são os responsáveis. O tipo, o estilo de alimentação, a injeção desses medicamentos hormonais, o uso de pílula, é tudo. Você entendeu? Antigamente uma mulher casava com 17 anos e estava grávida com 18.

[00:08:38]  Hoje em dia uma menina com 18 anos de idade não está sabendo nem ainda o que é casamento. Para ela, a palavra casamento está lá no futuro daqui 10, 15 anos. E filho com 40 e tanto, não é verdade? Então mudou o padrão da população.

[00:08:57]  A população vive mais tempo. E viver mais tempo está pagando com algumas doenças pelo custo de viver mais tempo. Você está entendendo? Eu acho que é uma troca boa.

[00:09:11]  Não acho que é uma troca ruim. Mas é uma realidade que a gente tem que conviver.

Prof.Dr. José David Kandelman
CRM 22286
RQE 3958/ 39581

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